É muito comum encontrarmos abordagens comportamentais ao papel da liderança remetendo exclusivamente a determinados “perfis ideais” ou a um determinado tipo psicológico como sendo o mais indicado para a função de liderança.
Realmente existem certos traços (“competências de fundo ou recursos internos”) que possuem correlação com a propensão para o papel de um líder gerencial. Porém, não menos importante, e independentemente de tais traços, a natureza da função de liderança requer a prática de alguns fundamentos.
A liderança poderá expressar-se de muitas formas, dada às múltiplas facetas do ser humano, mas ela não pode prescindir de aspectos de base, que são fundamentais para que o líder seja eficiente.
Estes fundamentos estão para a liderança, assim como o “saque” está para o jogador do Vôlei, por exemplo. Em quadra, cada jogador conhece a sua posição, sabe o que fazer e como contribuir com a equipe. E poderá fazer isto, muitas vezes, com certa dose de criatividade pessoal. Mas todos tem que “saber sacar”. E sabem que, independentemente de seu estilo próprio de sacar, se a bola tocar o chão ela dará um ponto ao seu time. Não mais que um ponto. Isto dá o tom da orientação para o resultado que todos devem ter. Então, para ser excelente neste fundamento, o jogador tem que treinar, treinar e treinar. Pode utilizar o estilo próprio, mas tem que marcar o ponto. Como disse certa vez o Bernardinho (técnico de Vôlei e algumas vezes campeão pela seleção brasileira), “a vontade de treinar, tem que ser maior que a vontade de vencer”. Portanto, o resultado é, ou deveria ser, uma consequência da aplicação. É evidente que se soma a isto a capacidade, o talento individual, a paixão pelo que se faz e outros fatores que o jogador não controla e que poderão afetar tanto o resultado individual, quanto o coletivo e o resultado final do jogo.
Não é diferente com um profissional que atua sozinho ou em equipe. Não é diferente com a liderança gerencial. O líder precisa encontrar o “ponto ótimo” na relação com as pessoas com as quais interage para, juntos, chegarem aos resultados. Cada um no seu papel e, todos, muito bem treinados nos fundamentos do próprio trabalho.
A esta altura arrisco dizer que o líder gerencial possui um “Ponto 0” – que significa o equilíbrio entre certas habilidades e sua prática efetiva. E para “chegar lá”, ele precisa treinar, treinar muito e treinar sempre.
Existem alguns fundamentos que ele precisa praticar, e isso independente de ter este ou aquele traço de personalidade, de ter este ou aquele gosto, estilo ou preferência pessoal.
Considerando que o líder gerencial está ocupando uma determinada posição porque fez esta opção, gosta e tem capacidade para tal, ele precisa ter como fundamentos de seu papel:
- Construir e manter uma relação de confiança com as pessoas.
- Reconhecer que as pessoas querem saber o que delas se espera e como isto se encaixa no quadro geral da sua área e da empresa.
- Cuidar para que as pessoas entendam, regularmente, como está o próprio desempenho.
- Fornecer recursos, autoridade e facilitar o desenvolvimento da pessoa para que o trabalho seja realizado.
Ao profissional que busca a excelência, não adianta ter muito desejo de alcançar resultados se isto não se fundamenta em muita aplicação e paixão. Da mesma forma, ao líder gerencial não adianta ter vontade de gerenciar e esmerar-se para “se encaixar em um determinado perfil ideal”, se não tiver muita aplicação e paixão pelo seu papel.
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