Devolutiva: Relação Empática de Aprendizagem e Troca

agosto 15, 2016

Diante do avaliador, as pessoas experimentam uma sensação de insegurança, obviamente por não saberem o que fazer para atender às expectativas. Algo que contraria a maioria das situações que enfrentamos no dia-a-dia, quando geralmente partimos com planos definidos ou, pelo menos, temos uma noção de que tipo de resposta oferecer ao ambiente diante das exigências.

Assim, nada mais natural que, diante deste tipo de circunstância de avaliação, o indivíduo assuma uma atitude defensiva, de pouca exposição. Se bem que o contrário também acontece; ou seja, o indivíduo exagera na tentativa de cercar todas as possibilidades de fornecer uma resposta adequada.

A entrevista de devolutiva tem-se mostrado eficiente no sentido de favorecer a participação e colaboração dos avaliados, quando este contrato é estabelecido no início do processo. A devolutiva ou o feedback, como queiram, precisa ser encarada como parte da avaliação, não apenas uma obrigação legal do psicólogo.

O feedback também funciona para atenuar os fantasmas acerca da figura de todo poderoso do avaliador e transfere para o psicólogo a responsabilidade de estabelecer uma relação de troca, para receber questionamentos e até para validar os resultados obtidos junto ao cliente acerca das suas interpretações; do contrário, a onipotência pode acabar tornando burocrático um processo que pode enriquecer ambos os lados.

Uma troca entre avaliador e avaliado — na qual temos de evitar assumir posturas com verdades definitivas e favorecer, neste momento, uma relação empática — é um elemento fundamental para a exploração da avaliação como um todo e não termina quando o avaliado se levanta da cadeira e sai pela porta, pois muita coisa ele pode estar carregando para sua vida.

A devolutiva é uma oportunidade de se acabar com o mito de que os psicólogos são os mais indicados para dizer aos outros o que fazer , devolvendo para o indivíduo a responsabilidade sobre o seu desenvolvimento. O psicólogo é um facilitador, que pode discutir, sugerir; não é um profissional que tem sempre respostas prontas. Embora tentador ao senso comum, dar conselhos não é tido como favorável pelos autores que trabalham com psicodiagnóstico.


Nota: Artigo publicado originalmente no antigo site do Pieron.

 

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