Deming mantinha uma lista das 7 doenças mortais do gerenciamento.
E muitos se surpreendem quando leem o item #3: Evaluation of performance, merit rating, or annual review.
Sim, a prática de avaliação de desempenho (normalmente anual) é tão difundida e onipresente, que deve ser produtiva, certo?
Deming sabia que não.
Ou você tem “qualidade total” (o termo da época) ou você tem avaliações de desempenho anuais. Os dois juntos não combinam.
Um motivo?
“The fact is that the system that people work in and the interaction with people may account for 90 or 95 percent of performance”, nas palavras do próprio.
E Deming estava bem acompanhado. Elliott Jaques também criticava o foco excessivo das empresas nas “personalidades”, sendo que os problemas (ou oportunidades, se você gosta desse jogo de palavras) quase sempre estão nos sistemas.
A diferença é que Jaques propunha algo diferente para as avaliações de desempenho: a avaliação de efetividade pessoal (assunto para outro post).
Mas o que une Deming e Jaques é a atenção aos sistemas. No caso de Jaques, os sistemas de gerenciamento, incluindo a estrutura organizacional (fonte inesgotável de problemas, mesmo que a solução seja simples).
Ou seja: “A bad system will beat a good person every time”
Poucos discordam desta frase (também de Deming), mas o problem solving ainda mais predominante é perguntar “quem?” e buscar culpados.
Deming deve estar sorrindo de onde estiver ao ver que, quase trinta anos após sua morte, algumas empresas estão finalmente tirando de campo uma prática que ele criticava há muito tempo.
Nunca é tarde para consertar sistemas.